chronista, sempre aferrado ás theorias contrarias ao seu sentir.
— E´ uma questão de temperamento. Oiçam, interrompeu João — Conheci em Berlim um artista que dizia sempre: “Amo a mulher como amo uma boa cama, um bom tabaco, e me não arrependo...”
— Snr. Armando, ahi tem um precursor de suas theorias, embora menos requintado — ajuntou a Senhora de Assis, rindo muito.
— E´ afinal a verdade sem ambages e tessituras — affirmou elle.
— Hajamos em tudo o meio termo — sentenciou Francisco.
Theophilo passeava de um lado para o outro, absorto, como quem nada ouve; parando de repente, disse:
— Oh! O amor tem surpresas, voltas abruptas împrevistas que embaraçam o mais infatigavel observador. Acabo de ler em um livro inglez um traço finissimo de psychologia feminina. Morava em Fiesola com seu tio, homem rico e sisudo, uma moça, Monna Tina, de rara formosura. Pretendia-lhe a mão Amadeu Oricellaria, senhor de nobre linhagem. Monna o amava com toda a sua ingenuidade de 15 annos; mas o seu confessor, inimigo da familia Oricellaria, prohibiu-lhe formalmente pensar em um homem que havia tempos, cortejara a creada da mãe, affirmava elle, á innocente menina. O Padre de resto a destinava a um seu sobrinho, rapaz pobre. Monna para quem o confessor era infallivel, desistiu, já se vê, resolvida a entrar para um convento.
A. B.—20