— Sim, a Senhora de Assis o disse — respondeu Theophilo.
— Admira-me que sendo uma mulher, Ladice, hajas acceito, acquiescido ao gesto inverosimil de tal irreflectida — disse Francisco levemente impaciente.
— Não ha que admirar: em nós outras do mundo, sem suggestão, agindo livremente, seria uma anomalia, uma aberração; mas n´uma menina de 15 annos, subjugada por un padre, severamente educada, que podia ella saber do amôr? Era preciso que um acto violento a agitasse, a invadisse de ciumes, a contaminasse... Foi o que se deu...
— Perfeitamente, a Senhora de Assis o explicou. Embora não deixe de ser um exemplo soberbo de moral feminina — retorquiu Theophilo.
— Attribuo antes a um capricho momentaneo. Entretanto, ha mulheres que precisam soffrer para ceder... A´s vezes surte effeito — dizia vagarosamente Armando, esfregando as mãos, e olhando para Ladice de um modo significativo.
— Já tive por vizinho — disse João — um sapateiro que batia na mulher de continuo; isso me indignava. Certo dia, perguntando-lhe, si se não envergonhava d´aquelle acto, elle me respondeu muito calmo — “não senhor, porque é justamente quando ella mais me ama.”
— Si não for invenção, é summamente desprezivel. — Ladice estremeceu.
— São mulheres taradas... — exclamou Francisco.
— Enfermiças, anormaes... — concluiu Theo-