lho da natureza, concentrado em si, sem devesas, livre, sorridente, havendo pedaços de céo, murmurio de remos, caricias de brisas; os fétos se dobravam sobre as roseiras em desvarios impertinentes; as palmeirinhas escancaradas, achatadas, luzidias, lhe faziam lembrar os leques com que as escravas do rei Pharaó o abanavam, á hora da sésta, segundo uma gravura que vira em pequena. As dahlias se erguiam com a ousadia vulgar de cortesã solicita, arrostavam o azul, tumidas de orvalho, sequiosas de sol, de ether, de rudezas, de passaro febril; a efflorescencia rubra das cannas, surgia coruscante, ameaçadora, amedrontando as vergonteas, os renovos, qual flamma incauta prestes a se propagar...
— Que cara funebre, que tristeza, Jean — exclamou Ladice, fazendo sobre a areia desenhos exquisitos com a ponta do chapéo de sol. — Conta-me, o que ha... Saudades d´alguma franceza que te deixou ou que deixaste? — E ella o mirou com olhares curiosos, cheios de maldade — Ou algum principio de conquista, heim?...
— Nada d´isso; penso no teu caso que se me afigura perigosissimo. — Depois de uma pausa — Sabes que Theophilo é casado e que tem uma filha?
— Sei; que m´importa isso de resto ? — retorquiu ella empallidecendo, meio aggressiva.
— E´ que a desgraça será dupla, seja o fim qual fôr... E´ devéras lamentavel...
— Pelo amôr de Deus me não pregues moralidade... Elle é meu, só meu, entendes? E Ladice se ergueu — Vamos indo que é tarde...