Durante o trajecto, a Senhora de Assis esforçava-se por annullar, dirimir, pisar, extinguir as mil supposições que a phrase de seu primo lhe engendrara no ser. Ella lhe operara no intimo como essas arvores maravilhosas, anomalas, phantasticas que nascem, se expandem, repentinas, sob a suggestão de fakires extacticos, ao viajor pasmo.
Enroscava-lhe a alma, atro sulco torturoso de polvora incendiada, rasto viscoso, peçonhento, de serpe que passou.
Mas ella, afoita, vencia, ria, tornava-se quasi infantil:
— Como as mulheres te olham! Meus parabens, é o melhor elogio que se possa fazer á tua vaidade...
— Acreditas então que ainda seduzo! E João torcia os bigodes mais pretos que brancos.
— Oh! colossalmente!... Essas pregas fundas ao redor da boca, dizem muito segredo teu... E´ signal de amôres cosmopolitas, terríveis...
— Sim; mas nem todas as mulheres sabem d´isso.
— Enganas-te, é intuitivo em nós outros; adivinhamos-lhes os sabores ineditos.
— E´ o mesmo, Ladice, que um fruto morbido por bocas diversas e que lhes guardou o signal, o geito, a irregularidade...
— E´, deve ser unico. — E ella pensou em o seu Poeta glorioso — E os teus amores hindús?
— Oh! são mulheres silenciosas; desordens pautadas á força de turbações violentas; os seus amôres são como seus olhos: fixos, teem em o fundo, formas ignotas, sombras a se mover... São flôres de mys-