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tes linhas: brado esplendido de convulsão, ruptura deslumbrante de seus mysterios amorosos, livôres lyricos de plasmas estarrecidos.

“Thêo.

“Sou a flamma sagrada que se adora e se não beija... Trago em o senso, em a pelle a crestadura, o retinido, a affirmação maravilhosa, envenenada do amôr de meu amôr...

“Oh! soluço de mortaes de coração arido, oh, mãos em vão supplices, oh! lacerações estridentes de carne infecunda, oh! ardencia de sangue virgem, oh! deleites febris de narinas exangues, oh! violencia que paira immobil em o negror de olhares profundos. Vinde a mim, abrasai-vos em a vertigem acre, bramante de minhas cellulas apaixonadas; recebei o sôpro tormentoso de minha tempestade amorosa d´Elle...

“Vontades poderosas da terra, impaciencias de eclosões adiadas, grito cruciante de penedia em a noite, chimeras, sonhos, braços torcidos, palavra inarticulada, raiva, furor, imprecação damnada — nada sois deante do meu silencio ebrio d´Elle...

“Natureza, sombra, humidade, vacuo, agua que correis, voragens immensas, sol magnifico, estrella, grande fogo exterminador, feras bravias, asas frementes, ideias amadurecidas, cousas que passaes, homens corrosivos — ajoelhai-vos deante da eternidade de meu amôr immortal por Elle...

Ladice.