ção terrivel, horrorizada ante o destino opaco, fosco, burguez, que lhe preparavam, exclamou:
— Ah! mamãe acabarei detestando o casamento... Vejo que lhe sou a negação total... — E os seus olhos lacrimejavam...
Assustada, a baroneza interpellou-a:
— Mas, que revolta é essa? Então, suppunhas ser o casamento uma folia? Sou muito feliz, e o que tem sido a minha vida sinão isso? Choras porque te enumero as excellencias de um estado tão santo.
Como poderia Ladice passar á sua mãe as necessidades, as fendas luminosas, os vãos azues, os instinctos, a indisciplina poderosa de sua natureza para os esplendores, a morbidez lyrica, os venenos, a flexa rubra, candente, que atravessa os corações, o senso, as pulsações, onde moram a imaginação, o ardor, a ambição do além?
Ella não queria a calma, a monotonia, a passividade, as mesmas sequencias, a fome saciada de todos os casamentos...
Ella se queria surprehender deante do marido, a dizer-lhe de continuo:
— Tu me deslumbras.
Ella queria saudal-o, ao amanhecer, com as mesmas palavras da aurora á terra:
— “Vês, renasci...”
Ella queria, em os momentos de exaltação, clamar-lhe “faze de meu corpo a tua immortalidade; de meus cabellos o teu rythmo; de minha bôca o teu beijo”...