— E as suas mãos, ligeiramente queimadas, premiam-lhe o coração.
Compungida, a voz meio tremula, o falar apressado, os olhos baixos:
— Não foi esse desejo de amar, fallacioso, que irrompe na adolescencia e que faz com que, a todo o instante, pensemos ter encontrado o ente querido... Não! Foi uma paixão, um amor extremo...
Pareceu a Francisco ver nos olhos de Ladice agglomerarem-se as lagrimas de Nossa Senhora das Dôres.
— Mas, faz muito tempo isso? — E Francisco cravava as suas pupillas brilhantes e aridas no rosto de sua interlocutora.
— Ha um anno e tanto...
— E elle? — Essas palavras levavam atrás de si o cortejo de todos os sons cavos, funcbres, angustiosos, sem esperanças...
Por minutos, Ladice vacillou qual a resposta a dar: dizer-lhe a verdade seria plantar sizanias continuas entre ambos; seria formular uma duvida eterna; seria o renascimento incessante de suspeitas temerosas. O destino, a fatalidade, os seus pais, a sua consciencia vencida, arrastavam-n'a, entregavam-n'a a esse homem...
— Elle?... Morreu... — balbucion ella.
Ladice não mentiu ao enunciar essa affirmação. Theophilo, embora lhe agitasse o espirito, os sonhos, o mal, o egoismo, morrera para o seu corpo, a sua vida, a sua felicidade.