Os dois Burrinhos
Muito lampeiros, dois burrinhos de tropa seguiam trotando pela estrada além. O da frente conduzia bruácas de ouro em pó; e o de trás, simples sacos de farelo. Embora burros da mesma igualha, não queria o primeiro que o segundo lhe caminhasse ao lado.
— Alto lá! dizia ele. Não se emparelhe comigo, que quem carrega ouro não é do mesmo naipe de quem conduz farelo. Guarde cinco passos de distancia e caminhe respeitoso como se fosse um pagem.
O burrinho do farelo submetia-se e lá trotava na traseira, de orelhas murchas, roendo-se de inveja do fidalgo.
De repente...
— Oah! oah!...
São ladrões da montanha que surgem de trás de um toco e agarram os burrinhos pelo cabresto.
Examinam primeiramente a carga do burro humilde e,
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