Nas fendas dos rochedos, nas cavernas
Porque passas a vida como a c'ruja?
Que alimento sorves, como o Sapo,
Das pedreiras, do musgo humedecido?
Passatempo celeste, primoroso!
Inda tens o doutor dentro do corpo.
Se soubesses que vida e nova força
O vaguear no ermo em mim suscita,
Se podesses de leve suspeital-o;
És demonio de mais p'ra me deixares
Gosar tanta delicia.
É na verdade
Mais que humano prazer, sobr'as montanhas,
Ao relento da noite repousando,
Com a mente abranger em puro extasis
Toda a terra e os ceus, infatuando-se
Até julgar-se Deus, e com presago
Ardor ir revolver do mundo o seio;
Dos seis dias a Obra ter no peito,
Saborear com força altiva, energica
Não sei o que, fundir-se em doce rapto
Com este immenso todo, despojada
Toda a terrena essencia, e a sublime
Intuição —