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femeas, afim de satisfazerem as suas necessidades com a maior vantagem possivel para ellas e para todos.

AMBROSIO — Bom; consideram a mulher igual ao homem. Todavia, muitos sabios, examinando a estructura anatomica e as funcções physiologicas do organismo feminino, sustentam que a mulher é, por natureza, inferior ao homem.

JORGE — Oh! isso é sabido. Quando ha qualquer ciosa a sustentar, ha sempre um sabia prompto para o fazer. Ha homens de sciencia que sustentam a inferioridade da mulher, assim como ha outros que sustentam que as faculdades da mulher e a sua capacidade de desenvolvimento são equivalentes ás dos homens, e que, si hoje, geralmente, as mulheres são menos intelligentes que os homens, isso depende da educação que recebem e do ambiente em que vivem. Si procurar bem, encontrará até sabias que sustentam que o homem é um ser inferior, destinado a alliviar a mulher dos trabalhos materiaes e deixal-a livre para as suas vocações superiores. Sei que na America já se sustenta esta these.

Mas, que, importa? Aqui não se trata de resolver um problema scientifico, mas de realizar um voto, um ideal humano.

Dêm á mulher todos os meios e toda a liberdade de desenvolvimento e resultará o que puder resultar. Si a mulher é igual ao homem, si é mais ou menos intelligente do que ele, depois se verá dos factos: — e ganhará com isso tambem a sciencia, que terá então dados positivos sobre os quaes, possa basear as suas inducções.

AMBROSIO — De modo que o senhor não toma em consideração as faculdades de que são dotados os individuos?

JORGE — Não, no sentido de que ellas devem criar direitos. Na natureza não acharemos dois individuos iguaes; mas nós reclamamos para todos a igualdade social, isto é, os mesmos meios, as mesmas oportunidades: e cremos que esta igualdade não só corresponde ao sentimento de justiça e de fraternidade que se desenvolveu na humanidade mas redunda ainda em real beneficio de todos, sejam fortes, ou fracos.

Tambem entre os homens, entre os machos; ha os mais e menos intelligentes, mas nem por isso se admitte que uns devam ter mais direitos do que os outros. Ha quem