faixa de terra que sempre foi motivo de questão entre elle e Salustiano Padilha. Agora as cercas de Bom Successo iam comendo S. Bernardo.
Dirigi-me á casa grande, que parecia mais velha e mais arruinada debaixo do aguaceiro. Os mussambês não tinham sido cortados. Apeei-me e entrei, batendo os pés com força, as esporas tinindo. Luiz Padilha dormia na sala principal, numa rede encardida, insensivel á chuva que açoitava as janellas e ás gotteiras que alagavam o chão. Balancei o punho da rede. O ex-director do “Correio de Viçosa” ergueu-se, atordoado:
— Por aqui? Como vai?
— Bem, agradecido.
Sentei-me num banco e apresentei-lhe as letras. Padilha, com um estremecimento de repugnancia, mudou a vista:
— Eu tenho pensado nesse negocio, tenho pensado muito. Até perdi o somno. Hontem amanheci com vontade de lhe apparecer, para combinar. Mas não pude. Semelhante chuva...
— Deixemos a chuva.
— Estou em difficuldades serias. Ia propor uma prorogação com juros accumulados. Recurso não tenho.
— E a fabrica, os arados?
Luiz Padilha respondeu ambiguamente:
— Um inverno deste escolhamba tudo. Recurso não tenho, mas o negocio está garantido. A prorogação...