antes que se arrependesse, leu de afogadilho o conteúdo do papel.
Todo o mascate é patife,
Labrego, cara de Judas;
E as mulheres do Recife
Tem as pernas cabeludas.
— Desavergonhados! gritou a Senhora Rufina.
— Desaforo!
— Já se viu um atrevimento igual?
A grazinada de um bando de maritacas, em roçado de milho, quando lhe disparam um tiro, pode dar uma idéia da algazarra que levantou no congresso feminino a quadra fatal, que ia conflagrar Pernambuco.
Chamar os mascates de patifes, labregos, judas e cousa pior, era sem dúvida uma insolência; mas não havia estranhar na canalha de Olinda que ela se despicasse dos epítetos afrontosos que também não lhe poupavam os recifenses.
O que, porém, não tinha nome e tomava as proporções de um atentado sem exemplo, era dizer-se que as damas do Recife tinham pernas cabeludas. Todos os tratos da inquisição não bastavam para punir este crime inaudito, que só podia ser expiado na fogueira.
Enquanto serena o alvoroço produzido pela leitura, aproveitamos