as sanefas do cortinado, foi-se enrolando de modo que não se lhe via senão a ponta do pé.
Nesse jeito achou-se Marta descoberta, e vendo que os dois namorados não tugiam, assentou ela de tomar a si a tarefa e com a sua natural e graciosa petulância dirigiu-se nestes termos ao Lisardo imóvel e cabisbaixo.
— Saiba o Senhor Lisardo de Albertim que não veio aqui para ficar assim amuado num canto. Quando Belinhas o chamou foi para experimentar os seus extremos, porque tendo vindo lá de Olinda uns versos em que se dizem cousas muito ruins das moças do Recife, ao senhor, que se rendeu à formosura de uma dessas tão maltratadas, cabe responder.
Estremecera o Lisardo lembrando-se da quadra que a D. Severa o obrigara a fazer, e julgou-se perdido. Marta continuou, mostrando-lhe os aviamentos de escrever postos sobre o trumó.
— Ai está a pena e todo o mais recado de escrita. Arranje-se, que daqui não sairá sem estar pronta a rima. Há de ser uma cousa que belisque as tais bugínicas de Olinda. O senhor há de dizer, ouça bem, que elas são magras como um fuso; e que todo aquele espalhafato que mostram não é nada senão uma gaiola coberta de panos. Está entendido, senhor poeta? Pois trate de desempenhar-