em voz submissa as coplas de um romance antigo que lhe trouxera. à memória certa conformidade de pensamentos:
Filha, filha da minha alma,
Com que te batizaria?
As lágrimas de meus olhos
Te sirvam d'água da pia.
Chamar-te-ei minha Rosa,
Rosa, flor de Alexandria,
Que assim se chamava d'antes
Uma irmã que eu queria.
Aqui a voz feneceu para tornar pouco depois repetindo já coplas de outra cantiga em que então se enleava a fantasia da donzela:
Nada em dor, em dor criada,
Não sei isto onde irá ter.
Vejo-vos, filha, formosa,
Com olhos verdes crescer.
Não era esta graça vossa
Para viver em desterro;
Mal haja esta desventura,
Que pôs mais nisso que o erro.
— Que há de você, Leonor, estar sempre a amofinar-se á toa, com umas tristezas tão sem propósito! disse D. Lourença interrompendo a cantiga da sobrinha com um tom de repreensão.