— Eu?... exclamou a donzela confusa.
— Ora, que tem que a menina desafogue suas mágoas, D. Lourença? Antes cante ela suas endeixas, que os zéfiros vão desfolhando pelos ares, do que as congele no seio para se derreterem em aljôfares de sentido pranto.
Assim falou a D. Severa, que bem mostrava na linguagem alambicada o comércio poético, que entretinha com o Lisardo.
— Se já é um sestro desta menina fingir-se desventurada e viver só a lastimar-se desde que o dia amanhece? Não sabe outras cantigas senão essas que falam de desgraças, de pranto, e de quanta cousa há de triste?
— Nisso de cantiga não há para mim como a da Donzela Guerreira! exclamou D. Severa com entusiasmo; e soltando a voz de flautim começou a gargantear estas coplas:
Sete anos andei na guerra
E fiz de filho barão,
Mas ninguém me conheceu,
Só se foi meu capitão.
Conheceu-me pelos olhos
Que por outra cousa não;
Foi meu capitão na guerra,
Agora o fiz meu barão.