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Página:Guerra dos Mascates (Volume II).djvu/159

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Ouviram-se uns risos abafados, de que não fez o menor caso a ninfa olindense.

Leonor, que tivera tempo de recobrar-se da perturbação, cuidou em disfarçar o verdadeiro motivo de sua mágoa.

— Pois, minha tia, não temos nós todos razão para afligir-nos com as desgraças que ameaçam esta terra?...

— Que desgraças são estas agora? perguntou D. Antônia à filha.

— Ainda ontem, minha mãe, a velha Brites me esteve contando que pela Quaresma, em noite clara, se viu a lua partida pelo meio em duas bandas, uma no seu natural alumiando o céu, e a outra coberta de sombra que parecia um dó, no que bem estava mostrando as guerras que hão de acontecer entre Olinda e o Recife, e o luto em que ficará uma das partes.

Estas palavras da moça causaram viva comoção no ânimo das pessoas ali reunidas.

— Tal e qual sucedeu! disse D. Francisca, mulher de André de Figueiredo.

— Eu vi com estes olhos! acrescentou D. Genoveva, casada com Antônio Tavares.

— Que tem isto? acudiu D. Lourença. Guerra havemos de fazer, que assim é preciso para defender os foros da nobreza; e sem ela decerto que não poderemos ganhar a vitória e abater a