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Página:Guerra dos Mascates (Volume II).djvu/166

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— Está bom! Fica sendo meu escudeiro.

— Isso é outra cousa.

Nisso esgueirou-se pelo corredor o Cosme que saía do oratório, e desceu as escadas a trote miúdo. Quando o Nuno se pôde desembaraçar e lhe foi no encalço, já não o avistou.

D. Severa entrou na sala ao tempo em que D. Lourença, de volta do oratório e sentando-se de novo ao bufete, lia um papel que trouxera. Era a fatal redondilha que a menina Marta obrigara o Lisardo a escrever na câmera de Isabel.

D. Lourença, não se podendo chamar gorda, era uma senhora reforçada, que no seu porte cheio de dignidade dava uma idéia da matrona romana. Os versos não se podiam pois referir a ela; o que a dispôs a achar-lhes chiste.

Olhou sorrindo para a D. Severa que lhe andava sempre a disputar as primazias.

— Quer ver, prima D. Severa, até onde chega o desaforo da ralé dos mascates? Pois não mandaram pregar nas esquinas estas rimas desavergonhadas?

Ouça:

Escorridas como um fuso,
As damas de Olinda são;
Por fora aquele esparrame,
Por dentro é só armação
De pano, d'osso e arame.