Página:Guerra dos Mascates (Volume II).djvu/183

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mas não se induza daí que saiam da adolescência, pois já estavam maduros.

Nesse traço havia sem duvida uma predestinação; pois a barba é o emblema das virtudes viris, como sejam a independência e energia.

Sentado D. Sebastião, mandou ao Barbosa de Lima que expusesse a questão, e este desempenhou-se da tarefa com a sua habitual facúndia, mostrando a suma gravidade e ponderação do negócio do marisco, pois era o principal recurso da pobreza do Recife, que, em ocasiões de penúria, daí somente tirava o alimento.

Acabada a exposição, fez o governador um leve sinal com a cabeça; e os ministros, cada um por sua vez, começando pelo almotacé, disseram seu parecer acerca do caso. Enquanto falavam, D. Sebastião ocupava-se em encher uma folha de papel de grutescos de toda sorte, onde se viam de envolta ramagens esboçadas, cabeças de passarinhos e outras bobagens.

Não daremos aqui a íntegra das tenções de cada ministro, como no-la transmitiu a crônica, pois consumiria muito papel. Basta saber-se que o almotacé provou com farta cópia de textos que, sendo o marisco aquático de sua natureza, devia caber de direito aos povos do Recife, os quais habitavam as praias, e não aos povos de Olinda que era uma cidade montanhosa. O almoxarife, fundado na opinião de Avincena e Trincaveili,