Página:Guerra dos Mascates (Volume II).djvu/187

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cidade de Olinda, nas mãos do procurador do Senado, Estêvão Soares de Araújo, conheceu o ajudante que havia novidade, e adiando para mais tarde a desforra do desacato inaudito que sofrera, tratou de inquirir do motivo do acompanhamento.

Acabava Sebastião de Castro de levantar a junta, declarando que à vista dos pareceres resolveria em tempo, quando chegou açodado o ajudante a comunicar-lhe que aí vinha o Senado de Olinda com as varas dos ofícios e pendão alçado para representar sobre negócio de urgência, o qual ele suspeitava ser o próprio da criação da vila do Recife.

Saiu o governador a receber os juizes e oficiais; com eles vinha o Ouvidor Arouche e alguns nobres de Olinda dos mais exaltados, além do povo com seus procuradores em frente.

Então o Coronel Domingos Bezerra Monteiro, vereador mais velho que servia de juiz ordinário, adiantou-se e falou nestes termos:

— Senhor governador, aqui vem o Senado da cidade de Olinda, com a nobreza e povo, por seus procuradores nomeados, representar contra a deliberação que tomou Vossa Senhoria de criar vila no Recife, para o que sabe-se com bom fundamento que se estão lavrando em segredo no Forte da Madre de Deus as pedras do pelourinho.

Não pôde de todo ocultar Sebastião de Castro a contrariedade ao ver devassado o seu plano; mas