Página:Guerra dos Mascates (Volume II).djvu/216

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preciso salvá-lo! Vão buscar o licenciado!

Um dos cabras mais decididos aproximou-se, e tirou do cós da pantalona uma borracha delgada e comprida que facilmente se acomodava ao corpo à guisa de cinta, e na qual trazia a inseparável branca, sua fiel companheira. Para ele, como para muita gente, esse era o elixir milagroso capaz de ressuscitar um morto.

Assim tratou sem mais cerimônia de introduzir o gargalo da borracha na boca do poeta e despejar-lhe um gole. Reanimou-se de súbito a fisionomia do moribundo, mas logo após caiu ele estorcendo-se de dores e soltando gemidos pungentes no meio dos quais escapou-se afinal uma palavra que parecia sair das entranhas dilaceradas:

— Fome!.,. A fome!

— Morto de fome, meu Deus! gritou o Nuno. Corram! A Olinda... Voem!... Ah! Lisardo!... Pois, não me tinhas a mim!