ficar em pêlo para levar uma fricçãozinha com que você sara logo.
— De cansanção? exclamou o escrevente sarapantado.
— É uma planta medicinal; produz na pele umas coceiras que acabam com as comichões da língua.
— Está bom, Nuno, já você se divertiu com suas chacotas; agora deixe-me ir.
— Alto lá! Desate os calções.
— Nuno!
— Deixe-se de sestros. Se você não quer que eu, seu amigo, lhe sirva de enfermeiro, e lhe aplique o emplastro com todo o cuidado, então deixo-o nas mãos deste machacaz e com ele se avenha.
O Cosme engrolou, sofismou, e remanchou quanto pôde; mas afinal fazendo boa cara à má fortuna resignou-se a levar a surra de cansanção, que o Nuno administrou-lhe conscienciosamente.
— Vá consolado, Cosme, que você agora fica são como um pero.
O escrevente fez uma careta de raiva, mas não a viu o Nuno, cuja atenção nesse momento foi reclamada por clamores que partiam do lado da povoação. Correu ele à ermida, inquieto acerca da liteira.
Ao chegar à praça a achou cercada por um bando armado; e viu que uma peleja renhida se travara junto à