destas, infeccionando os ares de toda aquela redondeza.
Sem mais demora levaram os mercadores sua queixa a El-Rei, que mandou ouvir sobre o caso os médicos de sua real câmara. Parece que naquele tempo a higiene pública estava tão adiantada em Lisboa como no Rio de Janeiro, c que os físicos-mores do Senhor D. Pedro II de lá não tinham que invejar aos do Senhor D. Pedro II de cá.
Reuniu-se em junta a mestrança e conveio que efetivamente a peste provinha da represa do rio. Houve quem notasse a coincidência de terem aparecido os primeiros casos da moléstia na ocasião de abrirem-se os barris de carne, assim como a circunstância de não se haver manifestado a epidemia em Olinda, que tinha o Varadouro à beira.
Não toscanejaram os preclaros rabichos, e decidiram verbis magistri que era urgente romper-se o dique e deixar que o rio despejasse livremente como dantes a correnteza de suas águas, com o que cessaria o contágio. E assim o mandou El-Rei em carta à Câmara.
Imagine-se como receberiam os moradores de Olinda essa ordem estulta, que vinha destruir o fruto de tamanhos esforços e economias; e quanto podiam o respeito e obediência à régia autoridade, pois sopitaram a revolta dos brios e dos direitos oprimidos desses povos leais.