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Página:Guerra dos Mascates (Volume II).djvu/94

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O mancebo mal teve tempo de reclinar sobre um velho baú que lia via ali perto, encostado à parede, o corpo desmaiado de sua querida Leonor, e cair em guarda contra as seis catanas que o assaltavam.

André de Figueiredo, de parte, com as mãos apoiadas na cruz da espada que fincara no chão, assistia ao combate imóvel; mas via-se-lhe no semblante a violência que fazia sobre si em conter os ímpetos de seu gênio arrebatado.

— Bem vejo que isto é uma emboscada, disse Vital Rebelo com desprezo, defendendo-se galhardamente. Eu sabia que os fidalgos de Olinda eram peritos em armá-las, desde os tempos dos judeus holandeses, seus ilustres antepassados; mas os daquele tempo usavam pelejar nelas, e não se resguardavam como os de agora.

A lâmina da espada de André de Figueiredo vibrou com o estremeção que lhe imprimiram as mãos convulsas, mas ainda pôde o capitão dominar este assomo, com a idéia de humilhar seu inimigo pelo desprezo.

— Estais enganado; isto não é emboscada, mas obra de justiça; é execução que se costuma fazer em réu de morte, respondeu entre um riso de mofa.

Com um corrupio da espada fez Rebelo recuar os assaltantes, alguns dos quais já tinham no