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moralistas se de fato a sua obra não valesse principalmente ou quase somente como uma curiosidade literária daqueles tempos, sem tal superioridade de pensamento ou de expressão que lhe determine a integração nas nossas letras, e menos qualquer repercussão ou influxo nelas9.

O aparecimento destas duas obras é um acontecimento literário acaso mais importante que a numerosa produção poética anterior. A prosa é a linguagem da virilidade e da razão. Entrando a exprimir-se também em prosa quando até aí, salvo o exemplo isolado de Fr. Vicente do Salvador, só em verso se exprimira, dava a mentalidade que se ia formando, mostra de maior madureza e variedade de aptidões. O versar das letras históricas e outras, no mesmo século, pelos Mirales, Jaboatões, Taques, Madres de Deus, Borges da Fonseca, Velosos, sem embargo da insuficiência literária dos seus produtos, mais claramente o comprova.

Sebastião da Rocha Pita nasceu na cidade da Bahia a 3 de maio de 1660. Foram seus pais João Velho Godin e D. Brites da Rocha Pita, filha do Capitão-Mor Sebastião da Rocha Pita, «uma das primeiras e mais poderosas pessoas de Pernambuco», informa, justamente desvanecido da sua prosápia, o neto. Estudou com os jesuítas no seu colégio da Bahia, até os dezesseis anos. Como no tempo faziam tantos rapazes da colônia de famílias abastadas, da Bahia foi estudar a Coimbra, em cuja Universidade se bacharelou em cânones. De volta à terra, foi feito coronel de um regimento