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a nossa poesia de emoção profunda casada à profunda singeleza. Nem desmerecem destes os poemas da mesma inspiração, que lhe brotam, cheios de lágrimas do fundo d'alma: Ó que acordar e Se muito sofri já, não mo perguntes13 .

Antes e depois de Gonzaga jamais se ouvira em a nossa poesia cantos de amor tão repassados de íntimo sentimento e de uma tão formosa expressão. Os poetas contemporâneos dos últimos anos de Gonçalves Dias, os seus sucessores imediatos, os poetas da segunda geração romântica, os repetirão com emoção às vezes igual, nenhum porém com a alta e essencial beleza dos seus. Com ele achava enfim o lirismo brasileiro a sua expressão mais eminente, a sua feição modelar, nunca mais, se não atingida, excedida.

O poeta a mais de um respeito genial desdobra-se em Gonçalves Dias num dos prosadores mais seletos das nossas letras. Às obras líricas junta simultaneamente com inspiração muito mais romântica que a de Magalhães e seus colaboradores, a dramática. Em 1847 publica D. Leonor de Mendonça, drama original de assunto português, em três atos e cinco quadros. Antes, em 1843, compusera o Patkul, no ano seguinte Beatriz Cenci e mais tarde (