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fonte donde dimana o nosso sentimento, não indígena e nativista, mas social e humano.

O Grupo maranhense

Os comprovincianos e admiradores de Gonçalves Dias levantaram-lhe em S. Luís uma estátua. De sobre o airoso fuste de uma palmeira de mármore, eleva-se a sua débil e melancólica figura de romântico. Em cada face do plinto onde assenta a planta que o poeta fez, com o canoro sabiá, símbolo da terra brasileira, destacam-se em relevo os medalhões de ilustres conterrâneos e camaradas do poeta: João Lisboa (1812-1863), Odorico Mendes (1799-1864), Sotero dos Reis (1800-1871), Gomes de Sousa. A idéia feliz da associação destes nomes na justa homenagem que ao máximo de seus filhos prestava a sua terra natal, comemora a coexistência simultânea nesse mesmo torrão brasileiro de um grupo de intelectuais, como ora dizemos, que por mal dela e nosso jamais se repetiria. Console-se o Maranhão, também à Atenas, que lhe deram por antonomástico, nunca jamais lhe voltou o tempo de Péricles.

Conquistado pelos portugueses ao franceses em antes de passados três lustros do século XVII, era desde 1624 o Maranhão constituído em Estado, separado do Brasil, aumentado do Grão-Pará, do Piauí e do Ceará. Como o Brasil, teve o seu governador particular, geralmente fidalgo de boa linhagem, sua legislação e administração privativa. A posição geográfica aproximava-o mais da metrópole que o Brasil, tornando-lhe as comunicações com ela mais prontas. Não seria pouco motivo para lhe atrair a imigração que se não desenraíza de todo da pátria e que é talvez, como qualidade de gente, a melhor. Nota o insigne historiador maranhense que o Maranhão recebeu menos degradados que o Brasil. Desde 1655, como galardão dos