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Malsinando dos políticos traidores de seus ideais e que tudo sotopõem aos seus baixos interesses, a imagem de que se socorre é ainda de poeta amoroso:

Almas descridas de um sonhar primeiro venderiam o beijo derradeiro da virgem que os amou.

Mesmo quando o desespero romântico, a sua sensibilidade doentia o reverte às crenças tradicionais como nos Hinos do profeta, declamação poética muito à moda romântica, se bem mais eloqüente que similares de Magalhães, ainda nesses momentos se lhes insinua na inspiração o eterno feminino, um eterno feminino qual o podia conceber um poeta brasileiro, jovem, sensual e ardoroso. Como aliás nenhum dos poetas da sua geração, Álvares de Azevedo não é um poeta descritivo, um paisagista, conforme mais ou menos serão quase todos os nossos depois dela. Quando, porém, acerta de ter uma inspiração da natureza, à sua emoção mistura-se infalivelmente a mulher e o amor, reagindo sobre a materialidade da impressão e idealizando-a. Vejam Tarde de verão, Tarde de outono, em que ao descritivo inculcado pelo título se substituem puras sensações subjetivas.

Segundo era já consuetudinário na nossa poesia, a sua terra também lhe inspira um canto de amor em que não falta o confronto preferencial com terras estrangeiras:

No italiano céu nem mais suaves são da noute os amores não tem mais fogo os cânticos das aves nem tem mais flores!

Onde sentimos reminiscências da Canção do exílio, de Gonçalves Dias. Mas o que lhe aformoseia a terra natal e lha faz amada é ainda a mulher querida que nela vive. Ao descante de sua terra mistura os seus transportes amorosos.

Aos homens doentes e desconsolados pela idéia da