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os de contextura popular, sem preocupações de métrica. Afetava demasiado o verso de onze sílabas, geralmente desagradável pelo seu soar agalopado.

Punge-o também a idéia da morte, como era natural de uma alma de raiz romântica, afligida pelo ódio da sua profissão monástica, pelo desespero de um mal-aventurado amor e ainda pela miséria de um organismo doentio. Entrevê-se-lhe aquela idéia em vários passos dos seus poemas, e claramente e numa bela frase poética mostra-se no intitulado Morte:

Pensamento gentil de paz eterna amiga morte, vem.

Punge-o porém, sem a expressão angustiosa de Álvares de Azevedo ou Casimiro de Abreu, se não mais conformada e serena. Os seus poemas característicos, a manifestações mais significativas do seu sentimento e estro e do seu feitio poético, são Meu filho no claustro, A órfã na costura, Frei Bastos, A profissão de Frei Ramos, A freira, Ela, Saudade, Desejo, Morte, Temor. Estes sobretudo lhe dão a feição que o distingue no grupo da segunda geração romântica. Nenhum deles tem a perfeição relativa que se pode exigir de quem poetava em época em que se não era tão pontilhoso nas exigências da forma poética, mas reunidos desenham uma não vulgar fisionomia de poeta.

IV. Casimiro de Abreu

Tem-na também própria e notável Casimiro de Abreu. Poetando desde 1855, havendo mesmo publicado em Portugal desde 1856, na Ilustração Luso-Brasileira, alguns poemas, só em 1859 deu à luz as suas Primaveras, porventura o mais lido dos nossos livros de versos.

Casimiro José Marques de Abreu era natural da Barra