que outras noites se organisavam jogos de prendas, sendo sempre D. Miguel quem sentenciava, e sendo muito seu predilecto o castigo de dar palmatoadas.
Esta pena da palmatoria, aliás usada ainda hoje nos serões de provincia em que os jogos de prendas florescem, não constitue decerto uma das provas mais eloquentes e ponderosas para acreditar nos instinctos sanguinarios de D. Miguel de Bragança.
A fazer-se obra por isto, temos que reputar duplicadamente monstruosas, pela gaucherie de suas maneiras e pela crueza de seu animo, as damas da provincia que ainda hoje empregam nos joguinhos de prendas o castigo da férula, com grande risota dos assistentes, e até dos proprios condemnados.
Conta que D. Miguel dava duas recepções por semana, uma aos homens, outra ás damas. Estranha que de joelhos lhe beijassem a mão, mas informa que a concorrencia ás recepções era tamanha, que algumas vezes houve conflictos á porta. Esta accusação tambem me não parece capital. As damas e os cavalheiros queriam beijar a mão do senhor D. Miguel, e elle dava-lh'a a beijar. Quem corre por gosto não cansa. É mesmo possivel que o rei alguma vez retribuisse beijo por beijo. Que monstruosidade é esta?!
De D. Miguel infante refere uma aventura vulgarissima com uma franceza da rua des Vieilles-