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MAXIMILANO EM PORTUGAL
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Por isso, é certo, lhe fez troça um poeta anonymo da época:

Negrado, negrigorio, negregante,
Negrica, negraria, negramento,
Negrança, negração e negra dura.
.    .    .    .    .    .    .    .    .    .    
Luiz, retrato negro dos amores
Negros seus, aqui jaz; a endurecida
Luiza negra o fez, com negras dôres,
Mudar em negra sorte a negra vida.

Nos autos dos poetas comicos do seculo XVI, um preto ou uma preta são personagens obrigados. Gil Vicente diz na farça do Juiz da Beira:

Eu andava namorado
De ũa moça pretasinha.

No theatro do Prestes e do Chiado a preta ou o preto apparece sempre com a sua aravia, que era de um effeito seguro.

Na poesia popular ainda hoje vive uma quadra, aliás formosissima, em que o elemento chamita fornece a belleza do pensamento:

Os teus olhos são gentios,
São gentios da Guiné.
Da Guiné por serem negros,
Gentios por não ter fé.

Maximiliano falla de uma especie de equipagem, o sech, montada sobre duas rodas enormes, tirada