alma. Raros homens que não seu pai e Manecão, além de pretos velhos, tinha até então visto; mas a ela, tão ignorante das coisas e do mundo, parecia-lhe que ente algum nem de longe poderia ser comparado em elegância e beleza a esse que lhe ficava agora em frente. Depois, que cadela misteriosa de simpatia a ia prendendo àquele estranho, simples viajante que via hoje, para, sem duvida, nunca mais tornar a vê-lo?
Quem sabe se a meiguice e bondade que lhe dispensava Cirino não eram a causa única desse sentimento novo, desconhecido, que de chofre nascia em seu peito, como depois da chuva brota a florzinha do campo?
A muito obriga a gratidão.
Rápidos correram esses pensamentos pela mente de Inocência, ao passo que as suas pupilas se iam erguendo até se fixarem em Cirino, límpidas, grandes, abertas, como que dando entrada para ele ler claro o que se lhe passava na alma.
—Sinto-me tão bem, disse ela com metal de voz muito suave, tão leve de corpo, que parece nunca mais hei de ficar mofina.
—Não, não, decerto! exclamou Cirino, nunca mais. Além disso, aqui estou e...
Com a sua chegada, interrompeu Maria Conga, a velha negra, aquele começo de diálogo. Vinha da fonte com volumosa trouxa de roupa que entrou a estender em compridos bambus, assentes horizontalmente sobre forquilhas fincadas no chão.
Despedindo-se, então, Cirino de Inocência: