Página:Innocencia (1872).djvu/195

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impressionada com o final da primeira entrevista, que, por alguns dias, mal saíra do quarto.

Escrever-lhe Cirino, era de todo inútil, por isso que ela nunca aprendera a ler; e, depois, qual o meio de lhe fazer chegar às mãos qualquer papel ou recado?

Sobravam, portanto, razões para que o jovem se ralasse de impaciência e quase desesperasse da sorte. Passava as noites em claro, metido no laranjal e procurando uma solução a tanta dificuldade; atordoavam-no ainda aqueles dois assobios que não podia explicar e sobretudo aquela pedrada tão bem dirigida, que por pouco talvez o houvesse estendido por terra.

Numa dessas noites de ansiedade, viu afinal reabrir-se a janela de Inocência

A pobrezinha, abrasada também de amor, queria respirar o ar da noite e beber na viração do sertão um pouco de tranqüilidade para sua alma não afeita ao tumultuar dos sentimentos que a agitavam e, quem sabe? verificar se por ai não andava rondando aquele que no seio lhe inoculara tamanho desassossego, ímpetos tão desconhecidos e violentos, superiores a todas as suas tentativas de resistência.

Cirino, rápido como uma seta, rápido como aquela pedra arrojada tão vigorosamente, achou-se ao pé da janela e cobriu de beijos as mãos da sua amada.

—O grito? balbuciou ela. Dois gritos... e a pedrada... Que foi?

—Ah! não foi nada, respondeu apressadamente Cirino; foi ver no laranjal... era um macauã O