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Página:Jantar imaginado, com sobremeza, café e palitos.djvu/14

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guizado com abobora! pratinho este, que hoje se aprezenta em muita parte, e deve por muitas razões figurar-se este prato em certos maridos, que huns são mesmo huns aboboras; outros andão marrando aquí, e allí, por condescenderem com appetites, e luxos de mulheres doudas; por que o que elles querem, he que ellas os sustentem, e os vistão; e com isto ficão muito satisfeitos, porque maridos desta qualidade nem perguntão, nem estranhão nada, e estão por tudo.

Enchão-se os copos, e fação-se saudes ao Autor deste Verso:


Ditoza condição, ditoza gente.


Mas em que havemos de figurar o vinho! Agora me lembra que os bebados na força da sua bebedeira a nada cedem: pois ponhamos a par deste licor os homens teimosos, que em dando para huma parte, ninguem d’alli os tira. Muitos conhecem o erro; mas só por se não desdizerem, proseguem na mesma; e ás vezes com bem perjuizo das partes, que delles dependem: conhecem que he ferro; mas elles querem que seja pedra, e hade ser por força pedra; presistindo nisto, como se tivessem esgotado meia duzia de garafas. Que genioszinhos estes para entortarem tudo!

Aqui temos Cabeça de porco com ervas. Ora figure-se este Pratinho em alguns homens tão trombudos, que a tudo o que se lhes diz, fazem logo tromba, com que ficão mais horrendos, do que erão; porque ha caras, bemdito Deos! tão feias, que logo mostrão, que tudo o que se contratar com aquelles individuos, nada pode sahir bonito; não tem agrado para ninguem; sempre carrancudos, sombrios, e ordinariamente de orelha grande.