Vôs ſereis teſteminhas ſe quiſerdes
De meu primeiro amor, Rios de prata,
Que correis para o mar deſpedaçados.
Eſcaſſamente entrados
Tinha doze annos na florida idade:
Ja cantando mouia
O monte a ſaudade;
Ia os ramos tocar do chão podia;
Quando me arrebatou o maligno erro:
Ah minino cruel,de bronze,& ferro!
Agora te conheço a natureza
Improbo amor tirano endurecido
Agora que tuas obras me enſinárão.
Tu de Rodope ou Iſmaro es nacido,
Teu berço foi das rochas a dureza,
Onde Tygres Hireanas se criârão.
Ai quanto me cuſtàrão!
Hũas breues & falſas eſperanças,
Com que então me enganaſte;
Mas logo as eſquiuanças
Sobre mi como chuua derramaſte,
Ordenando cruel, que a inimiga
Va fugindo de mim; & eu que a ſiga.
Quantas vezes correndo ao freſco Rio?
As vacas por fugir da calma ardente
Que as louras ſementeiras abraſaua;
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Me