Não creias que a ambição e a vingança adormeçam tão facilmente no coração humano. Dize, Al-athar, não te juraram elles pela sancta Kaaba [1] que os enviados com a noticia da sua revolta e da entrada dos christãos chegariam hoje a este logar aprazado, antes do anoitocer?”
“Juraram—respondeu Al-athar—; mas que fé merecem homens que não duvidam de quebrar as promessas solemnes feitas ao kalifa, e além d’isso de abrir o caminho aos infiéis para derramarem o sangue dos crentes? Amir, nestas negras tramas tenho-te servido lealmente; porque a ti devo quanto sou; mas oxalá que falhassem as esperanças que pões nos tens occultos alliados. Oxalá não tivesse de tingir o sangue as ruas de Korthoba, e não houvera de ser o suppedaneo do throno que ambicionas o tumulo de teu irmão!”
Al-athar cobriu a cara com as mãos, como se quizesse esconder a sua amargura. Abdallah parecia commovido por duas paixões oppostas. Depois de se conservar algum tempo em silencio, exclamou:
“Se os mensageiros dos revoltosos não chegarem até o anoitecer, não falemos mais n’isso.
- ↑ O famoso templo de Mekka.