Página:Lendas e Narrativas - Tomo I.djvu/27

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é já tarde para o arrependimento. Pensas acaso que uma conspiração sabida de tantos ficará occulta? No ponto a que chegaste, retrocedendo é que has-de encontrar o abysmo!”

No rosto de Abdallah pintava-se o descontentamento e a incerteza. Ahmed ia a falar, talvez para ver de novo se divertia o príncipe da arriscada empresa de disputar a coroa a seu irmão Al-hakem. Um grito, porém, de atalaia o interrompeu. Ligeiro como relampago um vulto saíra do cemitério, galgára o cabeço, e se aproximára sem ser sentido: vinha involto n’um albornoz escuro, cujo capuz quasi lhe encobria as feições, vendo-se-lhe apenas a barba negra e revolta. Os quatro sarracenos puseram-se em pé de um pulo, e arrancaram as espadas.

Ao ver aquelle movimento, o que chegára não fez mais do que estender para elles a mão direita e com a esquerda recuar o capuz do albornoz: então as espadas abaixaram-se como se uma corrente electrica tivesse adormecido os braços dos quairo sarracenos. Al-barr exclamára:—­“Muulin [1] o propheta! Muulin o sancto!...”

“Muulin o peccador:—­interrompeu o novo

  1. Muulin significa o triste.