Página:Lendas e Narrativas - Tomo II.djvu/153

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E os mezes íam passando, e as murmurações crescendo, e saltando já das lavadeiras para as beatas. Tinham visto mais de uma vez (dlzia-se: valha a verdade) o moço moleiro rondando a deshoras a barraquinha da beira do rio. Havia tambem quem dissesse que nas madrugadas de alguns domingos, quando a senhora Perpetua Rosa saía para a missa das almas, se enxergava ao lusco fusco um vulto, que, cosendo-se com os choupos, se aproximava da porta da Bernardina, e... e etcaetera. Era muito vêr! Mas a cousa ía correndo, e no fim de contas quem ganhava com essas historias eram as linguas dos maldizentes, que se refocillavam na palangana da murmuração, e o diabo que se lambia para, por estas e por outras, os catrafilar a seu tempo.

Veio a quaresma: sancta quadra; mas que por isso mesmo é ás vezes boa de mais. Desobriga vae, desobriga vem, sabe-se muita cousa. O padre prior andava já com a pedra no sapato; porque elle não era cégo nem mouco. Meu dicto, meu feito. Certo dia (por signal que era uma sexta-feira), quando o sacristão veio abrir a porta da igreja, estavam já no adro á espera Perpetua Rosa e Bernardina para se confessarem. Não tardou o prior. Aviou-se a mãe: ajoelhou a filha: persignou-se, benzeu-