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Página:Lendas e Narrativas - Tomo II.djvu/160

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Bernardo de Brito e Fr. Diogo do Rosario ficaram aquelle serão na estante. A ama sentiu-o assoar-se, tomar tabaco, e escarrar até muito tarde. Cousa rara! signal evidente de que tinha negocio de vulto, que lhe embargava o dormir!

Peior foi pela manhan. Apenas luziu o buraco, o padre prior saltou da cama; calçou os sapatos engraixados; vestiu a loba nova; pediu o chapeu de tres ventos, a bengala de castão de prata, e os oculos fixos, que só punha em dias de missa cantada, e disse á ama que se aviasse com o almoço, porque tinha de saír cedo.

Emquanto a tia Jeronyma, para maior brevidade, fazia umas papas de milho, o prior abriu um contador enorme, destes que os nossos grandes amigos inglezes nos vão agora levando em logar de vinho do Porto, tirou para fóra uma folha de papel almasso, e bradou:

“Jeronyma! oh Jeronyma!”

A velha chegou ao corredor da cozinha com o abano na mão.

“Estão quasi feitas:—­disse ella.—­Tenha paciencia um instantinho.”

“Não é isso, mulher:—­replicou o prior.—­Ouve cá: vae ao forro da escada e traze-me aquillo.”