vinha pedir dinheiro. Batia-lhe o coração com violencia, e já imaginava trinta mentiras para evitar essa calamidade.
“Homem—disse por fim o prior—tenho em minha mão uma somma avultada; mais de quinhentos mil réis (o moleiro estendeu o pescoço); pertencem a um devoto, que os quer dar em dote a uma rapariga pobre desta freguezia. Encarreguei-me do negocio, e deitei as minhas linhas para dar no vinte. Mas temo não acertar, e venho bater comtigo. És honrado, meu Bartholomeu, posto que um tanto sovina: falo-te com o coração nas mãos, e...”
“Isso é o que dizem por ahi essas linguas perversas—interrompeu o moleiro, fazendo-se vermelho de colera;—essas mandrionas do soalheiro, porque lhes não metto no bandulho o meu remedio. Os diabos me levem...”
“Tá, ta!—acudiu o prior.—Ajustaremos contas na desobriga. Vamos agora ao que serve. Sem refolhos: a quem te parece que dêmos este dote? Parafusa lá.”
O moleiro poz-se a scismar, alevantando os olhos para o tecto, estendendo e revirando a mandibula inferior, e batendo de quando em quando na testa.
“Nada ... a Genoveva da Theresa não:—