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Página:Lendas e Narrativas - Tomo II.djvu/224

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que Deus faculta ás vezes ao miseravel ente, creado quasi anjo por elle, e a quem o primeiro raciocinio que se fez na terra converteu em insensato e precíto.

E a que vem estas metaphysicas aqui? De que utilidade são ellas para a historia do parocho da aldeia, e da festa do orago, ha tanto tempo interrompida, e que até agora não tem passado de divagações por objectos sem ligação com a vida e costumes do reverendo padre prior?—­“Venha o padre prior: venha a festa—­dirão alguns—­e deixemo-nos dessas metaphysicas modernas, que escorregam por entre os dedos, e não passam de feixe de maravalhas ao pé daquellas grandes philosophias dos ideologos, que até um sapateiro era capaz de estudar batendo a sola e apertando o ponto; philosophia de pão pão, queijo queijo; philosophia substancial; philosophia d’ouvir, vêr, cheirar, gostar, e apalpar, roliça, atoucinhada, confortativa. Se era necessario algum troço da sciencia do atqui e ergo para atar estes capitulos ou capituladas da chronica aldeian, porque não recorrer ao clarissimo Condillac, ao bis-clarissimo Tracy? Para que parafusar em entes de razão impalpaveis, em armadilhas que trescalam ás parvoices germanicas, quando estava ahi á mão a philosophia do senso commum,