Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/190

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nome do dono desta fazenda. Não quero fazer juízo temerário; mas uma vez íntima, a voz de Satanás está a dizer-me que, se os frades de Goiana forem sabedores da minha estada nestas paragens, são capazes de mandar tirar o restante da minha inofensiva existência, somente porque não consenti em prestar-me a auxiliá-los nos seus planos de iniqüidade e feroz vingança. Sê prudente e cauteloso. Não tenho grande apego à vida Lourenço, mas não desejo que ela me seja tirada por outrem, senão por Aquele que me achou merecedor de guardar este pesado depósito.

Ainda não de todo restabelecido, Lourenço deixara a fazenda, por não poder vencer o desgosto de ver Bernardina casar-se com o Cipriano.

— Está em minhas mãos - dissera ele mais de uma vez - impedir este casamento, que tanto desgosto me tem dado; era só eu querer; tomava a rapariga outra vez na garupa e abalava para este mundo que não tem fim. Mas, o muito que devo a "seu" padre Antonio, que foi que me arranjou tamanha desgraça, prende-me tanto as mãos, que eu não posso ser bom em nada.

Bernardina, acometida de grave enfermidade, ficara em cima de uma cama, às portas da morte.