Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/264

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parentes de Pernambuco, lugar do seu nascimento:

"Não corteis um só quiri das matas; tratai de poupá-los para, em tempo oportuno, quebrarem-se as costas dos marinheiros". [1]

Reproduzindo estas palavras, não sou levado por intuito de picar a nacionalidade irmã, intuito que não teria o menor fundamento, e contra o qual, muito ao contrário, não me seria difícil aduzir provas, tomadas de mim mesmo. O meu fim único é dar idéias dos costumes e paixões dominantes naquele tempo; é autorizar a narrativa com a tradição, junto da história.

Terminado o atroz suplício, mandou Falcão d'Eça por um pano nos olhos do supliciado, e conduzir este para fora do pouco. Inútil, senão irrisória precaução, Gregório, mole, esquálido, metia horror. As alvas costas, para onde, por especial recomendação, tinham convergido os golpes dos executores, haviam enegrecido: não se notava diferença de cor entre os algozes e a vítima. Somente as mãos e os pés atestavam, pela brancura, a raça do infeliz.

Deixaram-no, por morto, na entrada da mata, tendo em uma das mãos um papel com este improviso em verso, obra de Domingos Freire:

"Buscar lã veio o Gregório,
Mas volta bem tosquiado:
Se vier, por mais finório,
O Felix José Machado,
O Cutia e o Bacalhau,
Havemos de ter, não uma,
mas quatro rodas de pau".