Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/265

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Seria meio-dia. Tinha feito uma estiada, O sol chegou a mostrar-se, ardente e amarelento, como é o sol do inverno. Aproveitando a impressão deixada nos espíritos pela notícia da partida de D. Manoel para as Alagoas, e pela audácia da recente espionagem, aproveitando, enfim, a crença de todos os homiziados, e não esperarem remédios aos seus males senão de si mesmos, e de estarem constantemente cercados de emboscadas e perigos, Falcão d'Eça chamou de parte alguns amigos, em cujo critério e decisão mais confiava, para que lhe ouvissem a última palavra:

— É tempo de tomarmos uma resolução. Quando me meti nestas matas, não foi com o único intento de escapar à prisão ou à morte. Tendo parentes no Ceará, ser-me-ia fácil, se o meu intento fosse somente evitar a prisão, emigrar para o seio deles, onde estaria ao abrigo de toda hostilidade. Quem primeiro me impeliu para aqui, senhores, não foi um sentimento baixo - o medo; foi um sentimento elevado - o amor da pátria; fio que vós poderei dizer outro tanto.

— Decerto, respondeu o padre Guerra.

— Que víamos antes da luta? Dois interesses, um estrangeiro, outro brasileiro. Levados de cobiça, e não satisfeitos com serem senhores do comércio e das indústrias, os portugueses europeus queriam chamar a si a agricultura, impondo aos agricultores