Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/311

Wikisource, a biblioteca livre

Quando Lourenço terminou a leitura, Marcelina tinha os olhos nadando em lágrimas, Francisco emudecera comovido, e o próprio rapaz, dobrando o papel, sentia uma grande aperto no coração. A carta era uma ordem terminante a que ele devia obedecer. A separação era inevitável.

— Vais assim deixar-nos, meu filho! exclamou Marcelina. Meu Deus! Quantas coisas neste dia! Só consinto que nos deixe, porque sei que tu não me pertences.

Depois, enxugando os olhos, a cabocla disse com voz segura:

— Deves ir, Lourenço. A felicidade está te chamando. É a felicidade, filho; acredita nas minhas palavras, porque eu sei o que estou dizendo. Seu padre que te abençoa é porque ele quer ser teu pai.

Dizendo estas palavras, a cabocla parecia querer fazer-se forte; mas, foi em vão. As lágrimas, desta vez copiosas, voltaram-lhe aos olhos; e com pouco, entrou a soluçar. Sem se poder conter, correu ao rapaz, abraçou-o ternamente, com quem ia separar-se de uma vez, por morte.

No outro dia, pela manhã, deu-se uma cena ainda mais viva do que esta entre Marcelina Lourenço.

— Minha mãe, perguntou este, vosmecê viu o que Marianinha me fez ontem?

— Vi sim. Eu não esperava por aquilo, ainda que tu...