Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/78

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resta senão curvamos a cabeça aos decretos da Providência?" assim concluía ele.

Passado um momento Falcão d'Eça perguntou aos seus companheiros de infortúnio:

— Que havemos de fazer, meus amigos?

— Se havemos de errar expatriados, famintos, sem sossego de noite e de dia, e por fim cair no poder dos nossos opressores, melhor é que, poupando tantas inclemências e padecimentos, nos entreguemos em suas mãos. Teremos por esta forma, feito jus ao perdão d'el rei, e salvado com as nossas vidas, parte das nossas fortunas.

— Entregue-se quem quiser, disse Falcão; eu não me entregarei jamais. Daqui não sairei senão morto ou livre. Ainda que todos me abandonem, não abandonarei eu estas solidões e espessuras protetoras. Até a última gota resistirei à opressão.

— Também nós resistiremos - disseram alguns dos foragidos.

— Resistiremos todos, Falcão - disse o padre Guerra. Não ficareis só. Trinta homens dentro de uma fortaleza batem um exército aguerrido, quanto mais dentro de um mundo imenso e desconhecido, como são estas matas intricadas.

— Tendes razão, padre Guerra.

— O que devemos fazer agora é alargar e aumentar os meios de defesa e agressão.

— Isto corre por minha conta,.