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Pouco tempo antes de retirar-me, vi Sá que me acenava de uma janela da sala de jogo, onde se abrigara para fumar. Logo ao entrar tinha-lhe falado; mas evitara a sua conversa, com receio de que me fizesse perguntas sobre Lúcia; sentia remorder-me a consciência; e pouco disposto a aceitar os seus conselhos, previa que eles me haviam de irritar tanto mais, quanto seriam prudentes e razoáveis.

— Desculpa-me: vou dançar.

— A quadrilha ainda se demora, bem sabes; mas queres

— Que idéia!

— Queres escapar-te, sim. Cuidas que sou desses homens que perseguem os seus amigos de conselhos que nada lhes custam, porque nem sequer dão o exemplo; e com isso julgam-se quites de todos os deveres da amizade! Estás enganado, Paulo. Disse-te uma vez a minha opinião sobre as tuas relações com Lúcia; fiz o que me cumpria: o resto te pertence.

— Estava tão longe de pensar nisso agora! Como tens achado a partida? Há muito tempo não me divirto tanto!... Rostos encantadores, toilettes de gosto, excelente serviço; nada falta!

— Deixa estes elogios aos folhetinistas em cata de novidades. Compreendes que não te chamei para ouvir o teu juízo sobre a reunião do Sr. R...

— E para que me chamaste então?

— Para pedir-te um conselho.

— A mim?

— De que te admiras? Porque não os dou, segue-se que não posso pedi-los? Ao contrário!

— Vejamos que negócio importante é esse que exige o meu voto ?

— Julgas que um amigo deva referir ao outro