Página:Machado de Assis - Teatro.djvu/201

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Bom dia!

MARTE

Onde deixaste o Pégaso?

APOLO

Quem? eu? Não sabeis? Ora, ouvi a história do animal. Do que acontece é o mais fenomenal. Aí vai o caso...

VULCANO

Aposto um raio contra um verso Que o Pégaso fugiu.

APOLO

Não, senhor; foi diverso O caso. Ontem à tarde andava eu cavalgando; Pégaso como sempre, ia caracolando, E sacudindo a cauda, e levantando as crinas, Como se recebesse inspirações divinas. Quase ao cabo da rua um tumulto se dava; Uma chusma de gente andava e desandava. O que era não sei. Parei. O imenso povo, Como se o assombrasse um caso estranho e novo, Recuava. Quis fugir, não pude. O meu cavalo Sente naquele instante um horrível abalo; E para repelir a turba que o molesta, Levanta o largo pé, fere a um homem na testa. Da ferida saiu muito sangue e um soneto. Muita gente acudiu. Mas, conhecido o objeto Da nova confusão, deu-se nova assuada. Rodeava-me então uma rapa