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Página:Machado de Assis - Teatro.djvu/305

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CAVALCANTE - Oh! não! Meu único prazer é pensar nela.

D. LEOCÁDIA - Desgraçado! Assim nunca há de sarar.

CAVALCANTE - Vou tratar de esquecê-la.

D. LEOCÁDIA - De que modo?

CAVALCANTE - De um modo velho, alguns dizem que já obsoleto e arcaico. Penso em fazer-me frade. Há de haver em algum recanto do mundo um claustro em que não penetre sol nem lua.

D. LEOCÁDIA - Que ilusão! Lá mesmo achará a sua namorada. Há de vê-la

nas paredes da cela, no teto, no chão, nas folhas do breviário. O silêncio far-se-á boca da moça, a solidão será o seu corpo.

CAVALCANTE - Então estou perdido. Onde acharei paz e esquecimento?

D. LEOCÁDIA - Pode ser frade sem ficar no convento. No seu caso o remédio naturalmente indicado é ir pregar... na China, por exemplo. Vá pregar aos infiéis na China. Paredes de convento são mais perigosas que olhos de chinesas.