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Grande e oculto milagre para mim
Achar na luz da tua mocidade
A mesma Sombra ignota que persegue
Meus passos ... Quem és tu? És a Saudade?»
E a Donzela: «Sou eu! Sou eu! Repara
No sangue do meu pulso que lateja!
Não vês o meu olhar beijar teus olhos?
Não vês a minha sombra como beija
A sombra do teu corpo? ... Dizes bem:
Fica longe de nós todo esse idylio ...
É um idylio de sombras, muito além,
Nas distantes florestas...»
E inclinando
A alva fronte, a Pastôra emudeceu...
E Marános, na tôrva tentação
Da chimera, do espirito, do céu,
Sem vêr, sem comprehender, exclama ainda:
«Ai de ti! Ai de mim! Como é que a Dór
Outra dôr alivia! Qual a chamma
Que outra chamma extermina?...
Eu quero amar
O que é eterno e vivo e que não ama!»