Aqui me tens em corpo e formosura;
Este abraço, este beijo te perseguem!»
E Marános, surprezo, rosto a rosto,
Viu a Menina eleita dos pinhaes...
(Era a hora sombria do sol-pôsto,
Quando os vales parecem mais profundos)
E respondeu:
«Bemdita seja a hora
Crepuscular e santa d'este encontro,
Em que essa fronte clara se descóra
E ternuras de sombra n'ela pairam...
«Amo-te (e bem o sabes!) apezar
D'esse oculto momento em que meu sêr
Fugiu de ao pé de ti, qual triste olhar
Foge dos êrmos olhos que o criaram!
Sim! de ti me afastei, como se afasta
O calor da fogueira que o produz;
E a voz dos nossos labios; e da estrela
Seu proprio coração que é sua luz!
«Amo-te! Nem tu sabes! Nem sei eu
Com que tristeza olhava o pinheiral
Onde teu lindo vulto se escondeu!
Tu não viste esse olhar, porque se o visses
Não ficarias só e abandonada!
Eu fui com ele, em alma e carne viva,
E pisei tua sombra bem amada,
Embora, n'outro corpo e coração,
N'outra fórma real e transitória,